sexta-feira, 9 de maio de 2025

Redação do mês de maio





Texto I

Para entender gentrificação imagine um bairro histórico em decadência, ou que apesar de estar bem localizado, é reduto de populações de baixa renda, portanto, desvalorizado. Lugares que não oferecem nada muito atrativo para fazer… Enfim, lugares que você não recomendaria o passeio a um amigo.

Imagine, porém, que de um tempo para cá, a estrutura deste bairro melhorou muito: aumentou a segurança pública e agora há parques, iluminação, ciclovias, novas linhas de transporte, ruas reformadas, variedade de comércio, restaurantes, bares, feiras de rua… Uma verdadeira revolução que traria muitos benefícios para os moradores da região, exceto que eles não podem mais morar ali.

É que, depois de todos esses melhoramentos, o valor do aluguel dobrou, a conta de luz triplicou e as idas semanais ao mercadinho da esquina ficaram cada vez mais caras, ou seja, junto com toda a melhora, o custo de vida subiu tanto que não cabe mais no orçamento dos atuais moradores. E o mais cruel de tudo é perceber que, enquanto o antigo morador procura um novo bairro, pessoas de maior poder aquisitivo estão indo morar no seu lugar.A gentrificação se apoia no discurso de “obras que beneficiam a todos” e não são motivadas pelo interesse público, mas sim pelo interesse privado, esse relacionado à especulação imobiliária. O processo é simples: suponha-se que o preço de venda de um imóvel num bairro degradado seja 80 mil. Porém, se este bairro estivesse completamente revitalizado, o mesmo imóvel poderia valer até 200 mil. Há, portanto, uma diferença de 150% entre o valor real e o valor potencial do mesmo imóvel. É exatamente nessa diferença que os investidores imobiliários enxergam a grande oportunidade para lucrar muito investindo pouco.

E De fato, existem especialistas que não “criminalizam” a gentrificação, por acreditar que esse é um processo decorrente da chamada “Sociedade Pós-Industrial”, na qual as relações capitalistas de consumo (demanda) ditam as relações de produção (oferta), e essa é uma condição natural e irreversível do nosso tempo. Estudos recentes realizados nos Estados Unidos, por exemplo, apontam que nem todos os moradores antigos de bairros gentrificados foram “expulsos” por conta da valorização imobiliária, mas, ao contrário, alguns conseguiram, por causa da gentrificação, ampliar suas rendas.

O debate é polêmico. No entanto, desconfiamos que a gentrificação é potencialmente mais nociva que saudável. Por se tratar de um processo típico de especulação imobiliária, a gentrificação precisa de muito investimento e respaldo do poder público para atender a uma demanda de interesse privado. Assim, a cidade, enquanto “coisa pública”, passa a ser planejada de acordo com a vontade do interesse privado, o que não necessariamente corresponde à vontade da população como um todo.



Emmanuel Costa. “O que é gentrificação e por que você deveria se preocupar com isso.” 04/04/2016. https://jornalggn.com.br/cidadania/. Acesso em: 10.09.2024. Adaptado.

Texto II

A gentrificação tem se tornado cada vez mais presente nas discussões sobre a ocupação urbana dos bairros nas cidades. É comum associar a transformação de determina das regiões, especialmente as mais antigas, a uma espécie de “gourmetização” dos espaços. Embora a premissa da gentrificação implique na renovação de áreas urbanas antes negligenciadas, essa transformação não ocorre sem consequências. Um dos principais aspectos controversos é a expulsão dos moradores originais, muitas vezes de baixa renda, que não conseguem acompanhar o aumento dos custos de moradia e estilo de vida impostos pelas mudanças.

Por um lado, a gentrificação pode trazer melhorias e renovação para áreas urbanas que antes estavam em declínio. O investimento de capital e a chegada de novos moradores com maior poder aquisitivo podem impulsionar a economia local, gerar empregos e melhorar a infraestrutura. Por outro lado, o encarecimento dos aluguéis e dos imóveis acaba por forçar as pessoas da comunidade a se mudarem para áreas mais afastadas, afetando o seu acesso à cidade e aos serviços. Essa realidade pode gerar segregação e aprofundar as desigualdades sociais. Há também os impactos ambientais. Um dos efeitos comuns é a redução das áreas verdes nos bairros, à medida que espaços abertos e parques são substituídos por construções densas.



“Gentrificação: a gourmetização do espaço urbano. Com impactos cada vez mais evidentes nas cidades, a gentrificação demanda soluções que conciliem desenvolvimento urbano e inclusão social”. Habitability. Acesso em: 01.06.2023. Adaptado.

Texto III

A aposentada Maria Juracy Aires, 69 anos, resiste a vender seu imóvel pois, quando entra no seu apartamento, em Curitiba, diz que seu sentimento é de afeto. Sua moradia vem sendo gradualmente depredada desde que uma construtora comprou todos os outros apartamentos do prédio no valor aproximado de R$350 mil. Maria Juracy Aires também recebeu propostas de compra, mas nunca demonstrou interesse em vender o seu apartamento, onde prefere desfrutar da sua aposentadoria. Sua história, segundo afirma, não está à venda. “O capitalismo é selvagem. Ele não respeita ninguém”, comenta.



Jess Carvalho. “Em ‘Aquarius’ da vida real, família protesta contra construtora que abandonou prédio no Cabral”. Plural Curitiba. Acesso em: 21.04.2024. Adaptado.



ENUNCIADO

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto dissertativo-argumentativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa e apresentando proposta(s) de solução(ões), sobre o tema:



A gentrificação urbana: entre os benefícios para as áreas urbanas e os malefícios para os moradores.

Redação do mês de maio





Texto II

Em pleno século XXI, o racismo e a discriminação racial ainda estão presentes na sociedade e nas relações de trabalho. “Quando essa prática se dá nos ambientes de trabalho, a Justiça do Trabalho atua, aplicando a lei. Quando comprovado o racismo, podem ser estabelecidas multas e sanções para o empregador que admite esse tipo de conduta e definidas indenizações”, descreve a presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST) e do Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT), ministra Maria Cristina Peduzzi.

De acordo com o Observatório da Diversidade e da Igualdade de Oportunidades no Trabalho da Smartlab, plataforma conjunta da OIT com o Ministério Público do Trabalho (MPT), há uma diferença de remuneração relacionada a sexo e raça no setor formal. Enquanto a média salarial de um homem branco, em 2017, foi de R$ 3,3 mil e a de uma mulher branca foi de R$ 2,6 mil, a de homens e mulheres negros foi de R$ 2,3 mil e R$ 1,8 mil, respectivamente. Também houve segregação ocupacional de negros em cargos de direção – estes compunham apenas 29% dos cargos. Segundo o IBGE, em 2019 os pretos ou pardos representavam 64,2% da população desocupada e 66,1% da população subutilizada. Além disso, o número de trabalhadores negros em ocupações informais era de 47,3%, enquanto o de brancos era de 34,6%.

O combate a todas as formas de discriminação é um dos objetivos fundamentais do Brasil, cristalizados no artigo 3º, inciso IV, da Constituição da República. Em relação ao ambiente laboral, o artigo 7º, inciso XXX, da Constituição da República proíbe diferenças salariais por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil.

SECRETARIA DE COMUNICAÇÃO DO TST. “Discriminação racial no ambiente de trabalho”.

Notícias do Tribunal Superior do Trabalho, 20 nov. 2020 Disponível em: https://tst.jus.br/-/especial-discrimina%C3%A7%C3%A3o-racial-no-ambiente-de-trabalho.

Acesso em: 25 fev. 2025. Adaptado.

ENUNCIADO

Imagine que você é um jornalista que, navegando pelas redes sociais, recentemente se deparou com o post do texto I no perfil de um órgão governamental especializado em questões relacionadas a direitos trabalhistas. O depoimento lido faz parte de uma série de vários outros enviados por pessoas negras ao perfil, as quais buscavam denunciar episódios de racismo vividos em seus ambientes de trabalho.

Para entender mais sobre o assunto, você decide fazer uma pesquisa na internet e chega ao texto II, o qual te causa indignação, já que você percebe que, embora existam diferentes leis para proteger trabalhadores negros, eles ainda são discriminados de diferentes formas. Por isso, você decide escrever um artigo de opinião para ser publicado no jornal em que você trabalha sobre racismo no local de trabalho, denunciando uma situação recorrente no Brasil.



Para escrever seu texto, você deve:

a) Explicar o que é racismo no local de trabalho;

b) Dar dois exemplos de como ele pode acontecer;

c) Sugerir uma forma de o problema ser evitado.



Para configurar adequadamente o gênero, lembre-se de:

d) Escrever seu texto em primeira pessoa;

e) Posicionar-se claramente sobre o tema;

f) Apresentar ao menos dois argumentos que sustentem seu posicionamento;

g) Empregar uma linguagem formal e adequada à norma-padrão da língua portuguesa.



Gênero Textual:

2º série – Proposta 4 – Artigo de opinião

Reflexão favorita do livro

 Atividade de Leitura MATERIAL IMPRESSO PELA COORDENAÇÃO ESCOLAR!