2ªSérie do E.M
Professor, para a análise da situação de comunicação prevista no enunciado orientador da proposta, você pode mediar a identificação, pelos estudantes, dos seguintes elementos:
a. o objetivo/a finalidade da escrita (para quê?); para divulgar uma pesquisa sobre invisibilidade pública, fomentando o debate sobre o tema
b. o destinatário (para quem?); para os leitores do jornal
c. o suporte em que o texto será difundido (será afixado em um mural, será publicado no jornal da escola, será lido em voz alta em uma roda de leitura etc.) (onde?); será publicado no jornal da escola
d. modalidade escrita formal, adequada ao gênero, ao público-alvo e à norma-padrão da língua portuguesa.
COLETÂNEA
Texto único
Estudo: “Garis: um estudo de psicologia sobre invisibilidade pública”
Pesquisador: psicólogo social Fernando Braga da Costa
Objetivo: compreender e analisar a condição de trabalho dos garis e a maneira como são inseridos na cena pública.
Condução do estudo: o psicólogo social, à época estudante da Universidade de São Paulo (USP), vestiu uniforme e trabalhou como gari durante seis anos, varrendo ruas da USP.
Resultados: o psicólogo constatou que, ao olhar da maioria, os trabalhadores braçais são “seres invisíveis”, “sem nome”. [...] conseguiu comprovar a existência da ‘invisibilidade pública’: ou seja, uma percepção humana totalmente prejudicada e condicionada à divisão social do trabalho, segundo a qual enxerga-se somente a função social e não a pessoa.
Depoimento do pesquisador: Braga diz ter descoberto “que um simples bom dia, que nunca recebi como gari, pode significar um sopro de vida, um sinal da própria existência”. [...] “Professores que me abraçavam nos corredores da USP passavam por mim, não me reconheciam por causa do uniforme. Às vezes, esbarravam no meu ombro e, sem ao menos pedir desculpas, seguiam me ignorando, como se tivessem encostado em um poste, ou em um orelhão”.
Trechos adaptados das seguintes fontes:
DELPHINO, Plínio. “Fingi ser gari e vivi como um ser invisível”. IP Comunica, 07 dez. 2008. Disponível em: https://www.ip.usp.br/site/noticia/o-homem-torna-se-tudo-ou-nada-conforme-a-educacao-que-recebe-orquidario-cuiaba/. Acesso em: 28 jan. 2025.
Repositório USP. Garis: um estudo de psicologia sobre invisibilidade pública (2002). Disponível em: https://repositorio.usp.br/item/001298332. Acesso em: 28 de jan. 2025.
ENUNCIADO
Imagine que você, interessado(a) em divulgação científica, deparou-se recentemente com o estudo conduzido pelo psicólogo social Fernando Braga da Costa, que trabalhou como gari durante seis anos para estudar a condição de trabalho e a forma como esse profissional está inserido na sociedade. Por compreender a relevância do tema para o debate público, você decidiu difundi-lo em sua comunidade escolar.
Escreva, então, uma reportagem de divulgação científica sobre invisibilidade pública para o jornal da escola. Para escrever sua reportagem, adequada à modalidade formal da língua portuguesa, siga os passos abaixo:
a) Fale sobre o psicólogo e sua pesquisa, detalhando qual foi o objetivo dela;
b) Descreva como a pesquisa foi conduzida;
c) Explique os resultados obtidos;
d) Apresente o depoimento do pesquisador sobre o estudo;
e) Conclua declarando qual é a importância do estudo para a sociedade.
Lembre-se, ainda, de:
f) Elaborar um título que resuma as principais ideias da reportagem;
g) Explicar os conceitos da pesquisa de forma acessível: você pode, por exemplo, fazer analogias para exemplificá-los.
FOCO NO GÊNERO O que é uma reportagem de divulgação científica? A divulgação científica democratiza o conhecimento científico ao torná-lo acessível ao público em geral. Assim, seus objetivos incluem informar, de forma compreensível, sobre avanços tecnológicos e estudos científicos de diversas áreas; promover a alfabetização científica para engajar o público na discussão de temas complexos e de interesse público; combater a desinformação e valorizar a ciência na sociedade. As reportagens de divulgação científica circulam, principalmente, em jornais e revistas impressas e digitais. Elas devem ter uma linguagem acessível ao público leigo, facilitando a compreensão do tema abordado. Como escrever uma reportagem de divulgação científica? Para escrever uma reportagem de divulgação científica, você pode estruturar seu texto da seguinte maneira:
1. Introdução: Apresente o estudo sobre o qual você vai falar, detalhando seu objeto, seu objetivo e os pesquisadores envolvidos.
2. Desenvolvimento: Desenvolva a descrição do que está sendo divulgado. Este é o momento, também, de discorrer sobre outros detalhes, como as motivações para que a pesquisa em questão fosse realizada e a percepção das pessoas envolvidas em seu desenvolvimento.
3. Conclusão: Finalize com uma declaração acerca da relevância da pesquisa para a produção de conhecimento científico e/ou para a população de forma geral.
FOCO NO MODELO
Cientistas analisam ancestralidade genética da população paulistana População é heterogênea – composta de diferentes grupos étnicos – e também miscigenada, com diferentes grupos se expressando em cada pessoa individualmente Um estudo do Instituto de Biociências (IB) utilizou uma calculadora científica para investigar a ancestralidade média da população de São Paulo. A publicação apontou uma ancestralidade global média 77,5% europeia, 10,4% africana, 7,4% nativa americano, 4,1% leste asiática, 0,5% sul asiática e 0,1% oceânica. Já a análise por grupos populacionais apontou predominância basca/ibéria (entre 33,9% e 37,9%), albânia/itália/sardenha (entre 22,3% e 26,7%) e do oeste europeu (entre 6,2% e 7,2%). Apesar de a análise ser focada na ancestralidade coletiva, o estudo também fez investigações individuais. Nestes casos, havia presença de múltipla ancestralidade, o que indica um perfil miscigenado da população. As miscigenações mais comuns na amostra são entre europeus, africanos, ameríndios e leste-asiáticos. Em entrevista ao Jornal da USP, o pesquisador Raphael Amemiya afirmou: “a população paulistana não é apenas heterogênea [composta por diferentes grupos étnicos, que podem ou não ser isolados um do outro], mas também miscigenada, ou seja, diferentes grupos populacionais podem se expressar no gene de uma só pessoa”. Os Estados Unidos e a Índia são exemplos de países heterogêneos, mas menos miscigenados.
[...] Relevância da análise Os testes genéticos de ancestralidade, além de serem úteis para a pessoa conhecer mais sobre si mesma, também são úteis na área da saúde. Estudos apontam que certos fatores genéticos associados a doenças apresentam frequências variadas em diferentes grupos populacionais. Variantes associadas a diabetes tipo 2, hipertensão, insuficiência renal e câncer de próstata são exemplos. O artigo também chama atenção para o fato de que grande parte dos estudos genéticos são feitos em populações europeias e, por isso, a patogenicidade (capacidade de um agente biológico causar doença) de algumas variantes não é totalmente compreendida em pessoas de fora do continente. O reconhecimento da ancestralidade paulistana direciona os cientistas para a produção de novos estudos e interpretações.
CORTE, Beatriz La. Jornal da USP, 30 jan. 2025. Disponível em: https://jornal.usp.br/ciencias/cientistas-analisam-ancestralidade-genetica-da-populacaopaulistana/. Acesso em: 30 jan. 2025. Adaptado
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