quinta-feira, 24 de julho de 2025

Arquitetura hostil: entre a busca pela ordem e a segregação social



Texto I







Texto II

O espaço público é um local de destaque para aprimorar a arte do convívio. Sua configuração espacial e seus elementos físicos desempenham um papel importante nesse cenário, pois estão intimamente ligados à capacidade de uma cidade em demonstrar sua habilidade em acolher e receber de forma positiva. No entanto, em certas áreas, a presença de uma arquitetura hostil é evidente, criando barreiras entre diferentes classes sociais e, especialmente, afastando populações vulneráveis.

A arquitetura hostil é justificada por seus defensores como uma medida para evitar comportamentos indesejados, como o que é rotulado como “vadiagem”. Esse tipo de ambiente é cuidadosamente projetado para desencorajar o público a utilizar os espaços para atividades específicas. Em essência, busca-se controlar o comportamento humano por meio dessa abordagem arquitetônica.

Habitability. Arquitetura hostil: a antítese da arquitetura. 19 jul. 2023. Disponível em: https://habitability.com.br/arquitetura-hostil/. Acesso em: 03 abr. 2025.

Texto III

No documentário “Arquitetura da Exclusão” (2010), o diretor potiguar Daniel Lima aborda os muros, visíveis e invisíveis, nos centros urbanos – o filme foca no morro Santa Marta, primeira favela a ser cercada por muros construídos pelo estado do Rio de Janeiro.

[...]

“Arquitetura hostil” se refere a estratégias de design urbano que utilizam elementos para restringir certos comportamentos nos espaços públicos, dificultar o acesso e a presença de pessoas, especialmente pessoas em situação de rua. Segundo o historiador especializado em arquitetura Iain Borden, citado pelo repórter Ben Quinn, a emergência deste estilo de arquitetura hostil data da década de 1990, nas gestões de um desenho urbano que sugere, segundo suas palavras, “que só somos cidadãos se estamos trabalhando ou consumindo bens diretamente”. Isto é, não trabalhar e não consumir quer dizer não poder estar presente como cidadão de uma cidade.

Há diversos exemplos de construções e objetos que podem “afastar ou excluir pessoas ‘indesejáveis ’”: cercas elétricas, arames farpados, grades no perímetro de praças e gramados, bancos públicos com larguras inferiores ao recomendado pelas normas de ergonomia, bancos curvados ou ainda assumindo geometrias irregulares, lanças em muretas e guarda-corpos. À medida que a arquitetura hostil afasta pessoas deixando áreas desertas, retroalimenta-se a sensação de insegurança urbana.

SAYURI, J. O que é arquitetura hostil e quais suas implicações no Brasil.





ENUNCIADO




Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto dissertativo-argumentativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa e apresentando proposta(s) de solução(ões), sobre o tema:



Arquitetura hostil: entre a busca pela ordem e a segregação social



“Desafios para a preservação do patrimônio histórico cultural brasileiro”



Texto I

Um incêndio de grandes proporções destruiu o acervo do Museu Nacional, na zona norte do Rio de Janeiro, em 2 de setembro de 2018. Especializado em história natural e mais antigo centro de ciência do País, o Museu Nacional completou 200 anos em junho em meio a uma situação de abandono. Não houve feridos. O diretor de Preservação do Museu Nacional do Rio de Janeiro, João Carlos Nara, afirmou que o incêndio causou um “dano irreparável” ao acervo e às pesquisas nacionais. De acordo com Nara, a equipe de administração do Museu Nacional aguardava o fim do período eleitoral para iniciar as obras de preservação da infraestrutura do prédio. “É tudo muito antigo. O sistema de água e o material, tudo tem muitos anos. Havia uma trinca nas laterais. Isso é uma ameaça constante”, disse o diretor. O Museu Nacional, vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), é a mais antiga instituição científica do Brasil e um dos maiores museus de história natural e de antropologia das Américas. Serviu como Palácio da família real portuguesa entre 1808 a 1821. O edifício é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 1938.


TEXTO II


@NovaEscola, 17 ago. 2015. Disponível em: https://www.facebook.com/story.php?story_fbid=1015689548470777&id=110225312350543&_rdr. Acesso em: 02 abr. 2025.

Texto III

O Artigo 216 da Constituição Federal de 1988 conceitua patrimônio cultural como sendo os bens “de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira”.

Nessa definição promovida pela Constituição, estão as formas de expressão; os modos de criar, fazer e viver; as criações científicas, artísticas e tecnológicas; as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.

Patrimônio cultural. Iphan, [s.d.]. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/218. Acesso em: 27 mar. 2025.

Texto IV

Preservar o patrimônio histórico é uma preocupação global de extrema importância para salvaguardar a história e a cultura de uma sociedade. O patrimônio histórico representa um registro vívido do passado de uma sociedade, capturando sua história, cultura e desenvolvimento ao longo do tempo. Entretanto, a preservação desses bens enfrenta complexidades em um mundo em constante mutação. Um dos principais desafios na conservação do patrimônio histórico é a pressão decorrente da urbanização e do desenvolvimento. À medida que as cidades expandem e evoluem, muitos edifícios históricos enfrentam o risco de demolição ou modificações significativas para atender às demandas modernas. A conservação do patrimônio histórico não deve ser vista apenas como responsabilidade de autoridades e especialistas. A comunidade desempenha um papel fundamental na proteção de seu próprio patrimônio cultural. Conscientização pública, educação e envolvimento ativo da comunidade são elementos-chave para garantir a conservação a longo prazo.

Conservação do Patrimônio Histórico: desafios e estratégias para um futuro sustentável. Ingá Arquitetura e Restauro, 20 out. 2023. Disponível em: https://www.inga.arq.br/conteudo/inga-escreve-blog/Conservacao-Patrimonio-Historico-desafios-estrategias-futuro-sustentavel. Acesso em: 27 mar. 2025. Adaptado.

Texto V

Para a preservação do patrimônio histórico, há o desafio de analisar a relevância de um bem material ou imaterial a ponto de ele ser tombado para preservação. Esse processo demanda uma reflexão sobre o aspecto da identidade cultural local ou nacional, segundo a professora Silvia Maria do Espírito Santo, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP e especialista em Museologia. “As identidades não são fixas, elas se adaptam a contextos culturais, políticos e principalmente econômicos, o que pode ameaçar a continuidade e a integridade dessas identidades.”

“O desprezo à nossa cultura e memória das coisas se caracteriza, antes de tudo, por uma pragmática da destruição. Essa forma de pensar é muito utilizada para caracterizar o adjetivo modernizar, envolve procedimentos que adotam a solução fácil”, afirma a especialista. Mas, para a professora, a preservação da identidade cultural de um povo pode ser alcançada através da conservação do patrimônio histórico que incorpora valores estéticos, éticos e artísticos de uma sociedade.

Segundo a professora, um dos principais desafios para a preservação dos bens culturais são as leis que protegem os patrimônios tombados. Silvia analisa a importância de uma legislação eficaz, que possa ser cumprida com o envolvimento da população e a vigilância das comunidades.

VALERI, J. O Brasil precisa de legislação atualizada para a proteção do seu patrimônio cultural. Jornal da USP, 26 jun. 2024. Disponível em: https://jornal.usp.br/campus-ribeirao-preto/o-pais-precisa-de-legislacao-atualizada-para-a-protecao-do-seu-patrimonio-historico-e-cultural-do-pais-precisa-de-legislacao-atualizada/.

Acesso em: 27 mar. 2025. Adaptado.

ENUNCIADO

A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “Desafios para a preservação do patrimônio histórico cultural brasileiro”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para a defesa de seu ponto de vista.

sexta-feira, 9 de maio de 2025

Redação do mês de maio





Texto I

Para entender gentrificação imagine um bairro histórico em decadência, ou que apesar de estar bem localizado, é reduto de populações de baixa renda, portanto, desvalorizado. Lugares que não oferecem nada muito atrativo para fazer… Enfim, lugares que você não recomendaria o passeio a um amigo.

Imagine, porém, que de um tempo para cá, a estrutura deste bairro melhorou muito: aumentou a segurança pública e agora há parques, iluminação, ciclovias, novas linhas de transporte, ruas reformadas, variedade de comércio, restaurantes, bares, feiras de rua… Uma verdadeira revolução que traria muitos benefícios para os moradores da região, exceto que eles não podem mais morar ali.

É que, depois de todos esses melhoramentos, o valor do aluguel dobrou, a conta de luz triplicou e as idas semanais ao mercadinho da esquina ficaram cada vez mais caras, ou seja, junto com toda a melhora, o custo de vida subiu tanto que não cabe mais no orçamento dos atuais moradores. E o mais cruel de tudo é perceber que, enquanto o antigo morador procura um novo bairro, pessoas de maior poder aquisitivo estão indo morar no seu lugar.A gentrificação se apoia no discurso de “obras que beneficiam a todos” e não são motivadas pelo interesse público, mas sim pelo interesse privado, esse relacionado à especulação imobiliária. O processo é simples: suponha-se que o preço de venda de um imóvel num bairro degradado seja 80 mil. Porém, se este bairro estivesse completamente revitalizado, o mesmo imóvel poderia valer até 200 mil. Há, portanto, uma diferença de 150% entre o valor real e o valor potencial do mesmo imóvel. É exatamente nessa diferença que os investidores imobiliários enxergam a grande oportunidade para lucrar muito investindo pouco.

E De fato, existem especialistas que não “criminalizam” a gentrificação, por acreditar que esse é um processo decorrente da chamada “Sociedade Pós-Industrial”, na qual as relações capitalistas de consumo (demanda) ditam as relações de produção (oferta), e essa é uma condição natural e irreversível do nosso tempo. Estudos recentes realizados nos Estados Unidos, por exemplo, apontam que nem todos os moradores antigos de bairros gentrificados foram “expulsos” por conta da valorização imobiliária, mas, ao contrário, alguns conseguiram, por causa da gentrificação, ampliar suas rendas.

O debate é polêmico. No entanto, desconfiamos que a gentrificação é potencialmente mais nociva que saudável. Por se tratar de um processo típico de especulação imobiliária, a gentrificação precisa de muito investimento e respaldo do poder público para atender a uma demanda de interesse privado. Assim, a cidade, enquanto “coisa pública”, passa a ser planejada de acordo com a vontade do interesse privado, o que não necessariamente corresponde à vontade da população como um todo.



Emmanuel Costa. “O que é gentrificação e por que você deveria se preocupar com isso.” 04/04/2016. https://jornalggn.com.br/cidadania/. Acesso em: 10.09.2024. Adaptado.

Texto II

A gentrificação tem se tornado cada vez mais presente nas discussões sobre a ocupação urbana dos bairros nas cidades. É comum associar a transformação de determina das regiões, especialmente as mais antigas, a uma espécie de “gourmetização” dos espaços. Embora a premissa da gentrificação implique na renovação de áreas urbanas antes negligenciadas, essa transformação não ocorre sem consequências. Um dos principais aspectos controversos é a expulsão dos moradores originais, muitas vezes de baixa renda, que não conseguem acompanhar o aumento dos custos de moradia e estilo de vida impostos pelas mudanças.

Por um lado, a gentrificação pode trazer melhorias e renovação para áreas urbanas que antes estavam em declínio. O investimento de capital e a chegada de novos moradores com maior poder aquisitivo podem impulsionar a economia local, gerar empregos e melhorar a infraestrutura. Por outro lado, o encarecimento dos aluguéis e dos imóveis acaba por forçar as pessoas da comunidade a se mudarem para áreas mais afastadas, afetando o seu acesso à cidade e aos serviços. Essa realidade pode gerar segregação e aprofundar as desigualdades sociais. Há também os impactos ambientais. Um dos efeitos comuns é a redução das áreas verdes nos bairros, à medida que espaços abertos e parques são substituídos por construções densas.



“Gentrificação: a gourmetização do espaço urbano. Com impactos cada vez mais evidentes nas cidades, a gentrificação demanda soluções que conciliem desenvolvimento urbano e inclusão social”. Habitability. Acesso em: 01.06.2023. Adaptado.

Texto III

A aposentada Maria Juracy Aires, 69 anos, resiste a vender seu imóvel pois, quando entra no seu apartamento, em Curitiba, diz que seu sentimento é de afeto. Sua moradia vem sendo gradualmente depredada desde que uma construtora comprou todos os outros apartamentos do prédio no valor aproximado de R$350 mil. Maria Juracy Aires também recebeu propostas de compra, mas nunca demonstrou interesse em vender o seu apartamento, onde prefere desfrutar da sua aposentadoria. Sua história, segundo afirma, não está à venda. “O capitalismo é selvagem. Ele não respeita ninguém”, comenta.



Jess Carvalho. “Em ‘Aquarius’ da vida real, família protesta contra construtora que abandonou prédio no Cabral”. Plural Curitiba. Acesso em: 21.04.2024. Adaptado.



ENUNCIADO

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto dissertativo-argumentativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa e apresentando proposta(s) de solução(ões), sobre o tema:



A gentrificação urbana: entre os benefícios para as áreas urbanas e os malefícios para os moradores.

Redação do mês de maio





Texto II

Em pleno século XXI, o racismo e a discriminação racial ainda estão presentes na sociedade e nas relações de trabalho. “Quando essa prática se dá nos ambientes de trabalho, a Justiça do Trabalho atua, aplicando a lei. Quando comprovado o racismo, podem ser estabelecidas multas e sanções para o empregador que admite esse tipo de conduta e definidas indenizações”, descreve a presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST) e do Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT), ministra Maria Cristina Peduzzi.

De acordo com o Observatório da Diversidade e da Igualdade de Oportunidades no Trabalho da Smartlab, plataforma conjunta da OIT com o Ministério Público do Trabalho (MPT), há uma diferença de remuneração relacionada a sexo e raça no setor formal. Enquanto a média salarial de um homem branco, em 2017, foi de R$ 3,3 mil e a de uma mulher branca foi de R$ 2,6 mil, a de homens e mulheres negros foi de R$ 2,3 mil e R$ 1,8 mil, respectivamente. Também houve segregação ocupacional de negros em cargos de direção – estes compunham apenas 29% dos cargos. Segundo o IBGE, em 2019 os pretos ou pardos representavam 64,2% da população desocupada e 66,1% da população subutilizada. Além disso, o número de trabalhadores negros em ocupações informais era de 47,3%, enquanto o de brancos era de 34,6%.

O combate a todas as formas de discriminação é um dos objetivos fundamentais do Brasil, cristalizados no artigo 3º, inciso IV, da Constituição da República. Em relação ao ambiente laboral, o artigo 7º, inciso XXX, da Constituição da República proíbe diferenças salariais por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil.

SECRETARIA DE COMUNICAÇÃO DO TST. “Discriminação racial no ambiente de trabalho”.

Notícias do Tribunal Superior do Trabalho, 20 nov. 2020 Disponível em: https://tst.jus.br/-/especial-discrimina%C3%A7%C3%A3o-racial-no-ambiente-de-trabalho.

Acesso em: 25 fev. 2025. Adaptado.

ENUNCIADO

Imagine que você é um jornalista que, navegando pelas redes sociais, recentemente se deparou com o post do texto I no perfil de um órgão governamental especializado em questões relacionadas a direitos trabalhistas. O depoimento lido faz parte de uma série de vários outros enviados por pessoas negras ao perfil, as quais buscavam denunciar episódios de racismo vividos em seus ambientes de trabalho.

Para entender mais sobre o assunto, você decide fazer uma pesquisa na internet e chega ao texto II, o qual te causa indignação, já que você percebe que, embora existam diferentes leis para proteger trabalhadores negros, eles ainda são discriminados de diferentes formas. Por isso, você decide escrever um artigo de opinião para ser publicado no jornal em que você trabalha sobre racismo no local de trabalho, denunciando uma situação recorrente no Brasil.



Para escrever seu texto, você deve:

a) Explicar o que é racismo no local de trabalho;

b) Dar dois exemplos de como ele pode acontecer;

c) Sugerir uma forma de o problema ser evitado.



Para configurar adequadamente o gênero, lembre-se de:

d) Escrever seu texto em primeira pessoa;

e) Posicionar-se claramente sobre o tema;

f) Apresentar ao menos dois argumentos que sustentem seu posicionamento;

g) Empregar uma linguagem formal e adequada à norma-padrão da língua portuguesa.



Gênero Textual:

2º série – Proposta 4 – Artigo de opinião

domingo, 13 de abril de 2025

CONFLITOS HISTÓRICOS, DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS - 3ª serie do E.M

2º BIMESTRE

Leia

Obras sugeridas
1. A mulher de pés descalços, Scholastique Mukasonga.


2. Cartas ao meu vizinho palestino, Yossi Klein Halevi.


3. A visão das plantas, Djaimilia Pereira de Almeida.


4. As meninas, Lygia Fagundes Telles.

REDAÇÃO PAULISTA

Propostas de redação P3.(abril) Texto dissertativo-argumentativo – Provão Paulista:

“O combate à fome no Brasil: entre a responsabilidade do Estado e a atuação da sociedade civil”.

P4. (maio) Texto dissertativo-argumentativo – Provão Paulista: “Processo de gentrificação urbana”.

REDAÇÃO - ABRIL

Texto I

13 de maio. Hoje amanheceu chovendo. É um dia simpático para mim. É o dia da Abolição. Dia que comemoramos a libertação dos escravos… (…) Continua chovendo. E eu tenho só feijão e sal. (…) Estou escrevendo até passar a chuva, para eu ir lá no senhor Manuel vender os ferros. Com o dinheiro dos ferros vou comprar arroz e linguiça. A chuva passou um pouco. Vou sair… Eu tenho tanto dó dos meus filhos. Quando eles vê as coisas de comer eles brada: – Viva a mamãe! A manifestação agrada-me. Mas eu já perdi o habito de sorrir. Dez minutos depois eles querem mais comida. Eu mandei o João pedir um pouquinho de gordura a Dona Ida. Ela não tinha. (…) … Choveu, esfriou. É o inverno que chega. E no inverno a gente come mais. A Vera começou pedir comida. E eu não tinha. (…) Fui pedir um pouco de banha a Dona Alice. Ela deu-me banha e arroz. Era 9 horas da noite quando comemos. E assim no dia 13 de maio de 1958 eu lutava contra a escravatura atual – a fome!

(Carolina Maria de Jesus. Quarto de despejo: diário de uma favelada. 10a ed. São Paulo: Ática, 2014, p. 30-32

Texto II


Uma pesquisa divulgada em 2022 afirma que 33 milhões de pessoas estão em situação de insegurança alimentar grave no Brasil. Os dados foram levantados pela Rede Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional). De acordo com o levantamento, mais da metade da população brasileira (58,7% ou cerca de 125,2 milhões) vive com algum tipo de insegurança alimentar (IA). De acordo com a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar, usada pela Rede Penssan, a insegurança alimentar ocorre quando a pessoa não tem acesso regular a alimentos e é dividida em 3 níveis:

• IA Leve – quando há preocupação ou incerteza quanto ao acesso aos alimentos no futuro, além de queda na qualidade adequada dos alimentos para não comprometer a quantidade;

• IA Moderada – quando há redução quantitativa no consumo de alimentos entre os adultos e/ou ruptura nos padrões de alimentação;

• IA Grave – quando há ruptura nos padrões de alimentação, resultante da falta de alimentos entre todos os moradores do domicílio, incluindo crianças. Nessa situação as pessoas passam a conviver com a fome.

(“33 milhões vivem insegurança alimentar grave no país, diz estudo”. www.poder360.com.br, 08.12.2022. Adaptado)

Texto III

A produção global atual de alimentos é mais do que suficiente para suprir as necessidades calóricas de cada um dos 7 bilhões de indivíduos da população mundial. Mas há uma séria deficiência no sistema de distribuição dos recursos necessários para se ter acesso à alimentação, fenômeno que acontece principalmente nos países em desenvolvimento, como o Brasil. Essa deficiência está, acima de tudo, na construção da estrutura social que é extremamente desigual. Assim, as populações pobres têm recursos financeiros muito reduzidos, o que limita a compra de alimentos para consumo. A oferta de alimentos, tanto em quantidade quanto em variedade, é dirigida aos centros urbanos, que é onde há mais indivíduos com boas condições de poder aquisitivo. Contudo, é nessas localidades onde mais acontece o desperdício desses produtos. De fato, esse é um fator que agrava o cenário da insegurança alimentar. Em 2016, das 4 bilhões de toneladas métricas de comida produzida no mundo, um terço foi desperdiçado (1,3 bilhões de toneladas métricas). Existem dois principais padrões de desperdício determinados de acordo com a situação econômica dos países. Nos desenvolvidos, o processo normalmente está relacionado à sociedade civil, pois acontece nas mãos do consumidor final, quando a comida já está pronta, mas ela não é totalmente consumida, gerando os “restos” que são jogados fora. Já nos países em desenvolvimento, o desperdício ocorre em diferentes etapas antes. O alimento também é perdido durante a produção, quando a colheita não é utilizada ou é perdida por conta das condições precárias de armazenagem ou pelos agricultores não possuírem meios suficientes para transportar sua produção até os pontos de distribuição para venda.

(Erika Rizzo. “Fome no mundo: causas e consequências”. www.politize.com.br, 06.09.2017. Adaptado)

Texto IV

Embora seja relevante para combater a fome no Brasil, o assistencialismo imediato não substitui as políticas públicas a longo prazo, uma vez que a insegurança alimentar é um problema estrutural e não momentâneo. Além disso, as iniciativas particulares voltadas para ajudar os que passam fome podem tirar do Estado a responsabilidade de garantir a todos o direito à alimentação adequada. De acordo com a economista Tereza Campello, a insegurança alimentar precisa ser combatida, por exemplo, com o fortalecimento do salário mínimo, a geração de empregos formais, a execução de projetos de transferência de renda e a oferta de merenda escolar. A professora Maria Elisa Garavello, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, por sua vez, apontou os grupos de pessoas mais atingidas por esse problema – mães de família, pretos e pardos e a população rural. “O meio rural tem acesso à terra e ao mesmo tempo sofre de insegurança alimentar grave”, descreveu o que classificou como “um paradoxo”. Segundo a professora Thais Mauad, da Faculdade de Medicina da USP, não há como mapear ou quantificar a agricultura urbana, já que são várias as tipologias, desde o quintal de uma casa até uma horta comunitária, mas há inúmeros benefícios dessa prática, entre eles, a maior eficiência no suprimento de alimento, tanto na quantidade como na qualidade. A professora destaca que a agricultura urbana vem sendo utilizada por muitas pessoas para compor a renda e a própria alimentação.

(Moisés Dourado. “A fome não espera: são necessárias políticas públicas, além do assistencialismo”. https://jornal.usp.br, 12.05.2021. Adaptado)

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto dissertativo-argumentativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa e apresentando proposta(s) de solução(ões), sobre o tema:


O combate à fome no Brasil: entre a responsabilidade do Estado e da sociedade civil


Como escrever um texto dissertativo-argumentativo modelo Vunesp? Para escrever um texto dissertativo-argumentativo, você pode estruturá-lo da seguinte maneira: 


1)Introdução: 


Contextualização do tema e exposição da tese (do ponto de vista sobre o tema). * Atenção: no caso da proposta de redação deste material, seu ponto de vista pode refletir um posicionamento com relação a um dos lados do tema. Ou seja, você pode deixar claro se o combate à fome é responsabilidade do Estado OU da sociedade civil e os porquês disso. Cada uma das razões apresentadas por você constituirá um argumento a ser desenvolvido. Dica adicional: na introdução, sempre empregue todas as palavras-chave do tema. No caso desta proposta: “combate”, “fome”, “Brasil”, “responsabilidade”, “Estado” e “sociedade civil”.


2) Desenvolvimento:


 Os argumentos que defendem seu ponto de vista sobre o tema são desenvolvidos com base em explicações, fatos, dados, relatos históricos, figuras de autoridade entre outras possibilidades. 


3) Conclusão: Elaboração de proposta de intervenção para solucionar a questão debatida no texto. A proposta deve apresentar os seguintes elementos: agente, ação, modo, efeito e detalhamento. Além disso, é fundamental que ela seja coerente com os argumentos apresentados no desenvolvimento do texto.


ESCREVIVÊNCIAS- 2ª SERIE DO E.M


2º BIMESTRE

Propostas de redação - ABRIL


Conto “Uma vida de força”


a) o tema do bimestre é escrevivências;
b) o tema permeará as discussões sobre a obra lida por cada um ao longo do bimestre;
c) haverá duas produções de texto, ambas com recortes temáticos que dialogam com a unidade temática;
 d) cada estudante deverá ler um livro por bimestre

O tema deste bimestre, escrevivências, foi selecionado devido à importância de que os estudantes em etapas mais maduras da vida escolar, como o Ensino Médio, reflitam sobre a relevância de contar suas próprias histórias e de ler histórias de vida de outras pessoas, em especial aquelas que se relacionam a questões históricas que impactam toda a sociedade.

O termo “escrevivência” foi criado pela escritora brasileira Conceição Evaristo ‒ autora de duas das obras sugeridas para leitura neste bimestre ‒ a partir da junção das palavras “escrita” e “vivência”, para se referir à escrita que, a partir de histórias pessoais, carrega experiências coletivas.,

Texto único

“Tio Totó não se conformava com o acontecido. Deus do céu, seria aquilo vida? Por que a gente não podia nascer, crescer, multiplicar­-se e morrer numa mesma terra, num mesmo lugar? Se a gente sai por aí, por este mundo de déu em déu e não volta, o que vale o respeito, a fé toda quando se está distante, no que para trás ficou? Para que a crença na volta ao lugar onde se enterra o umbigo? Verdade fosse!.
Tio Totó andava inconsolável: já velho, mudar de novo, num momento em que seu corpo pedia terra. Ele não sairia da favela. Ali seria sua última morada. Ele olhava o mundo com o olhar de despedida. Olhava sua terceira mulher, seus netos órfãos, sua casinha caiada de branco, algumas galinhas e o chiqueiro vazio.
– Perdi as forças, Maria­-Velha. Trabalhei demais. Eu quero agarrar nas coisas, pegar o machado, rachar essa lenha... Assento e penso: pra quê? Fiz isso a vida inteira... Labutei, casei três vezes, viuvei duas, a terceira mulher é você. Tive filhos das duas primeiras. Os filhos também se foram. Partidas tristes, antes do tempo cumprido, antes da hora. Eu, vivido, já velho, estou aqui[…]”

EVARISTO, Conceição. Becos da memória. Rio de Janeiro: Pallas, 2017, p. 10.

https://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoas/1667-conceicao-evaristo


Redação do mês de abril

Enunciado:

Imagine que você é alguém que conviveu com tio Totó e que sabe por que motivos ele se recusava a sair de seu barraco: porque conseguiu construí-lo apenas com muito esforço. Com isso em mente, você decide escrever um conto que narre a trajetória de vida levada por tio Totó até conseguir construir seu barraco. O conto será apresentado em um sarau em sua comunidade para que todos entendam a importância daquele lugar para ele.


Em seu conto, você deverá:

a) Apresentar sua relação com tio Totó (como sobrinho(a), filho(a), irmã(o) ou vizinho(a));

b) Narrar a história de vida de tio Totó, mostrando que obstáculo ele superou para conseguir construir seu barraco;

c) Encerrar o conto mostrando o destino de tio Totó com a saída da favela.


Lembre-se, ainda, de:

a) Narrar o conto em primeira pessoa.

b) Dar ao conto um título que desperte curiosidade no leitor;

c) Organizar seu conto a partir da estrutura típica de uma narrativa: situação inicial, conflito, clímax e desfecho

d) Seguir a norma-padrão da língua portuguesa (isto é, fazer correções gramaticais e pontuar as frases corretamente), mas com liberdade para utilizar a linguagem de formas criativas (por exemplo, utilizando gírias, adjetivos e advérbios que ajudem a definir o espaço e os personagens do conto).



Obras sugeridas

1. Canção para ninar menino grande, Conceição Evaristo

2. Eu destilo melanina e mel, Upile Chisala

3. Olhos d’água, Conceição Evaristo

4. A mulher de pés descalços, Scholastique Mukasonga




Arquitetura hostil: entre a busca pela ordem e a segregação social

Texto I Alma Preta. Terra, 29 dez. 2023. Disponível em: https://www.terra.com.br/nos/lei-que-proibe-estruturas-hostis-em-todo-o-pais-e-regul...