domingo, 13 de abril de 2025

CONFLITOS HISTÓRICOS, DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS - 3ª serie do E.M

2º BIMESTRE

Leia

Obras sugeridas
1. A mulher de pés descalços, Scholastique Mukasonga.


2. Cartas ao meu vizinho palestino, Yossi Klein Halevi.


3. A visão das plantas, Djaimilia Pereira de Almeida.


4. As meninas, Lygia Fagundes Telles.

REDAÇÃO PAULISTA

Propostas de redação P3.(abril) Texto dissertativo-argumentativo – Provão Paulista:

“O combate à fome no Brasil: entre a responsabilidade do Estado e a atuação da sociedade civil”.

P4. (maio) Texto dissertativo-argumentativo – Provão Paulista: “Processo de gentrificação urbana”.

REDAÇÃO - ABRIL

Texto I

13 de maio. Hoje amanheceu chovendo. É um dia simpático para mim. É o dia da Abolição. Dia que comemoramos a libertação dos escravos… (…) Continua chovendo. E eu tenho só feijão e sal. (…) Estou escrevendo até passar a chuva, para eu ir lá no senhor Manuel vender os ferros. Com o dinheiro dos ferros vou comprar arroz e linguiça. A chuva passou um pouco. Vou sair… Eu tenho tanto dó dos meus filhos. Quando eles vê as coisas de comer eles brada: – Viva a mamãe! A manifestação agrada-me. Mas eu já perdi o habito de sorrir. Dez minutos depois eles querem mais comida. Eu mandei o João pedir um pouquinho de gordura a Dona Ida. Ela não tinha. (…) … Choveu, esfriou. É o inverno que chega. E no inverno a gente come mais. A Vera começou pedir comida. E eu não tinha. (…) Fui pedir um pouco de banha a Dona Alice. Ela deu-me banha e arroz. Era 9 horas da noite quando comemos. E assim no dia 13 de maio de 1958 eu lutava contra a escravatura atual – a fome!

(Carolina Maria de Jesus. Quarto de despejo: diário de uma favelada. 10a ed. São Paulo: Ática, 2014, p. 30-32

Texto II


Uma pesquisa divulgada em 2022 afirma que 33 milhões de pessoas estão em situação de insegurança alimentar grave no Brasil. Os dados foram levantados pela Rede Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional). De acordo com o levantamento, mais da metade da população brasileira (58,7% ou cerca de 125,2 milhões) vive com algum tipo de insegurança alimentar (IA). De acordo com a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar, usada pela Rede Penssan, a insegurança alimentar ocorre quando a pessoa não tem acesso regular a alimentos e é dividida em 3 níveis:

• IA Leve – quando há preocupação ou incerteza quanto ao acesso aos alimentos no futuro, além de queda na qualidade adequada dos alimentos para não comprometer a quantidade;

• IA Moderada – quando há redução quantitativa no consumo de alimentos entre os adultos e/ou ruptura nos padrões de alimentação;

• IA Grave – quando há ruptura nos padrões de alimentação, resultante da falta de alimentos entre todos os moradores do domicílio, incluindo crianças. Nessa situação as pessoas passam a conviver com a fome.

(“33 milhões vivem insegurança alimentar grave no país, diz estudo”. www.poder360.com.br, 08.12.2022. Adaptado)

Texto III

A produção global atual de alimentos é mais do que suficiente para suprir as necessidades calóricas de cada um dos 7 bilhões de indivíduos da população mundial. Mas há uma séria deficiência no sistema de distribuição dos recursos necessários para se ter acesso à alimentação, fenômeno que acontece principalmente nos países em desenvolvimento, como o Brasil. Essa deficiência está, acima de tudo, na construção da estrutura social que é extremamente desigual. Assim, as populações pobres têm recursos financeiros muito reduzidos, o que limita a compra de alimentos para consumo. A oferta de alimentos, tanto em quantidade quanto em variedade, é dirigida aos centros urbanos, que é onde há mais indivíduos com boas condições de poder aquisitivo. Contudo, é nessas localidades onde mais acontece o desperdício desses produtos. De fato, esse é um fator que agrava o cenário da insegurança alimentar. Em 2016, das 4 bilhões de toneladas métricas de comida produzida no mundo, um terço foi desperdiçado (1,3 bilhões de toneladas métricas). Existem dois principais padrões de desperdício determinados de acordo com a situação econômica dos países. Nos desenvolvidos, o processo normalmente está relacionado à sociedade civil, pois acontece nas mãos do consumidor final, quando a comida já está pronta, mas ela não é totalmente consumida, gerando os “restos” que são jogados fora. Já nos países em desenvolvimento, o desperdício ocorre em diferentes etapas antes. O alimento também é perdido durante a produção, quando a colheita não é utilizada ou é perdida por conta das condições precárias de armazenagem ou pelos agricultores não possuírem meios suficientes para transportar sua produção até os pontos de distribuição para venda.

(Erika Rizzo. “Fome no mundo: causas e consequências”. www.politize.com.br, 06.09.2017. Adaptado)

Texto IV

Embora seja relevante para combater a fome no Brasil, o assistencialismo imediato não substitui as políticas públicas a longo prazo, uma vez que a insegurança alimentar é um problema estrutural e não momentâneo. Além disso, as iniciativas particulares voltadas para ajudar os que passam fome podem tirar do Estado a responsabilidade de garantir a todos o direito à alimentação adequada. De acordo com a economista Tereza Campello, a insegurança alimentar precisa ser combatida, por exemplo, com o fortalecimento do salário mínimo, a geração de empregos formais, a execução de projetos de transferência de renda e a oferta de merenda escolar. A professora Maria Elisa Garavello, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, por sua vez, apontou os grupos de pessoas mais atingidas por esse problema – mães de família, pretos e pardos e a população rural. “O meio rural tem acesso à terra e ao mesmo tempo sofre de insegurança alimentar grave”, descreveu o que classificou como “um paradoxo”. Segundo a professora Thais Mauad, da Faculdade de Medicina da USP, não há como mapear ou quantificar a agricultura urbana, já que são várias as tipologias, desde o quintal de uma casa até uma horta comunitária, mas há inúmeros benefícios dessa prática, entre eles, a maior eficiência no suprimento de alimento, tanto na quantidade como na qualidade. A professora destaca que a agricultura urbana vem sendo utilizada por muitas pessoas para compor a renda e a própria alimentação.

(Moisés Dourado. “A fome não espera: são necessárias políticas públicas, além do assistencialismo”. https://jornal.usp.br, 12.05.2021. Adaptado)

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto dissertativo-argumentativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa e apresentando proposta(s) de solução(ões), sobre o tema:


O combate à fome no Brasil: entre a responsabilidade do Estado e da sociedade civil


Como escrever um texto dissertativo-argumentativo modelo Vunesp? Para escrever um texto dissertativo-argumentativo, você pode estruturá-lo da seguinte maneira: 


1)Introdução: 


Contextualização do tema e exposição da tese (do ponto de vista sobre o tema). * Atenção: no caso da proposta de redação deste material, seu ponto de vista pode refletir um posicionamento com relação a um dos lados do tema. Ou seja, você pode deixar claro se o combate à fome é responsabilidade do Estado OU da sociedade civil e os porquês disso. Cada uma das razões apresentadas por você constituirá um argumento a ser desenvolvido. Dica adicional: na introdução, sempre empregue todas as palavras-chave do tema. No caso desta proposta: “combate”, “fome”, “Brasil”, “responsabilidade”, “Estado” e “sociedade civil”.


2) Desenvolvimento:


 Os argumentos que defendem seu ponto de vista sobre o tema são desenvolvidos com base em explicações, fatos, dados, relatos históricos, figuras de autoridade entre outras possibilidades. 


3) Conclusão: Elaboração de proposta de intervenção para solucionar a questão debatida no texto. A proposta deve apresentar os seguintes elementos: agente, ação, modo, efeito e detalhamento. Além disso, é fundamental que ela seja coerente com os argumentos apresentados no desenvolvimento do texto.


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